Lélia Gonzalez
Brasil
(Belo Horizonte, 1935 – Rio de Janeiro, 1994). Foi uma filósofa, antropóloga e política brasileira. Militante feminista e de formação psicanalítica, foi pioneira nos estudos sobre a cultura negra e o lugar da mulher negra no Brasil e na América Latina. Neste sentido, desenvolveu conceitos de referência, como os de "amefricanidade" e de "pretuguês". Atuou na organização de movimentos negros e feministas, tendo sido co-fundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras do Rio de Janeiro (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Olodum.
Nascida em Belo Horizonte, Lélia vem de uma família pobre. Seu pai Accacio era ferroviário, sua mãe Orcinda, uma índia domesticada. Eles tiveram dezoito filhos, dos quais ela foi a penúltima. O fato de ter sido uma das caçulas lhe propiciou a oportunidade de se dedicar aos estudos, ainda que, diante das necessidades, tenha chegado a trabalhar como babá e doméstica.
Formada no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, concluiu a graduação em história e filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e fez mestrado em comunicação. Foi professora de ensino médio no Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (Cap-UERJ) e professora de ensino superior na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
Foi candidata a deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e candidata a deputada estadual pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), ficando como suplente nas duas vezes. Fez parte do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), criado em 1985 pelo então presidente José Sarney, que cedeu à pressão das lideranças feministas que atuaram na Constituinte para que cumprisse com o compromisso de Tancredo Neves. Lélia atuou no CNDM de 1985 a 1989.
Em meados dos anos 1980, ela participou ativamente de eventos internacionais, congressos e seminários, seja em países africanos, caribenhos, europeus ou norte-americanos. Faleceu precocemente em 11 de julho de 1994, no Rio de Janeiro, vítima de um infarto.
Publicou em vida os livros Festas Populares no Brasil (Rio de Janeiro, Índex, 1987) e (com Carlos Hasenbalg) Lugar de Negro (Rio de Janeiro, Marco Zero, 1982). Em 2020, os seus textos e depoimentos foram reunidos postumamente em Por um feminismo afrolatino-americano, organizado por Flávia Rios e Márcia Lima, editado pela Zahar.